1000 investigadores portugueses dedicados ao agroalimentar

05.07.2016 Aumentar a competitividade e a capacidade exportadora das empresas nacionais. É nestes dois grandes objetivos que vão estar concentrados cerca de 1000 investigadores do recém- criado AGRO-TECH Campus de Oeiras, um ecossistema de investigação e inovação dedicado aos setores agroalimentar, veterinário e florestal. Por detrás do projeto estão três instituições: O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB) da Universidade Nova de Lisboa e o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET). "O AGRO-TECH Campus de Oeiras vai estar fortemente orientado para as empresas portuguesas, em particular para aquelas com maior incorporação de tecnologia e potencial exportador. Será também um ecossistema atrativo para empresas multinacionais. Contribuirá igualmente para a formação e fixação de recursos humanos altamente qualificados, em particular jovens doutorados nos domínios relacionados com o agroalimentar, florestal e áreas conexas”, refere Nuno Canada, presidente do INIAV, que acredita que o casamento entre as instituições vai abrir a porta uma série de projetos a que, individualmente, não conseguiam dar resposta. “No fundo o AGRO-TECH Campus pretende colmatar a falta de massa crítica e de escala em alguns domínios destes setores. Esta iniciativa âncora permitirá uma muito maior capacidade de resposta, acesso a projetos de grande dimensão, passando as três instituições desta forma a ter um peso muito maior do que quando trabalhavam de forma isolada”. O consórcio funcionará a partir de Oeiras, que já é berço de inovação tecnológica em Portugal, e visa a estimulação da investigação e da oferta de tecnologia de ponta com aplicação nas indústria agroalimentar, veterinária e florestal. Saindo do laboratório para a linguagem corrente, estamos a falar de quê, em concreto? “Novas soluções de diagnóstico numa lógica de contribuir para uma maior segurança alimentar e uma melhor saúde dos animais, sanidade vegetal e saúde pública”, clarifica. Apesar de se prever que a procura mundial de alimentos cresça a um ritmo mais lento entre 2016 e 2025, devido ao menor aumento populacional e à descida de rendimentos nas economias emergentes, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla inglesa), o presidente do INIAV considera que este continua a ser um dos grandes desafios no agroalimentar, uma vez que há maior capacidade de consumo das classes médias dos países emergentes, continua a existir migração para as cidades e há mudanças dos padrões de consumo. “O aumento do consumo tem de ser acompanhado por um aumento proporcional da produção e há um conjunto de constrangimentos a esse nível, como as alterações climáticas, as novas doenças dos animais e das plantas e a escassez de terra disponível”, resumiu. E realçou que a intensificação da produção agrícola tem de ser sustentável, em termos ambientais, mas também económicos e sociais. E são respostas para muitos destes desafios planetários que espera que saiam de Oeiras. Por Rubina Freitas